3.11.14

Primeiro dia do segundo mês

As duas últimas semanas foram as mais intensas da minha experiência de maternidade desde 6 de fevereiro de 2009. Foram semanas de férias escolares aqui na França e ficamos eu e as crianças nos aventurando por ai. Não tinha George, não tinha avós, não tinha a tia Rosa, nem um vizinhozinho que me desse três minutos de sossego para ir ao banheiro em paz… Por isso não deu pra escrever uma linha sobre como têm sido os dias por aqui. Mas foram semanas deliciosas, primeiro pelos lugares maravilhosos que visitamos, depois porque confirmei que eu e as crianças precisávamos desse tempo. E confirmamos que Rennes foi uma escolha muito acertada como destino. Como a cidade é pequena e tranquila, as crianças andam pelas ruas e eu não fico o tempo todo estressada, correndo atrás e segurando a mão. Embora elas não cruzem nenhuma rua sem me dar as mãos, se elas cruzassem os carros parariam - isso quando um carro cruza uma rua por onde passamos, às vezes sinto que estamos num filme de ficção científica e que apenas nós sobrevivemos a um grande cataclismo, quando andamos pelas ruas do bairro. Mas isso muda quando chegamos na pracinha, é lá onde os sobreviventes se encontram. A Irene vem correndo me perguntar, como é mesmo que diz se eu posso brincar com ele? Je peux jouer avec toi? O Paulo sempre tímido: só se você for comigo… Fizemos muitos passeios pela redondeza: Dinard, a praia mais próxima, onde fizemos um passeio por um caminho entre as pedras, sob mansões do século retrasado. Vitré, uma cidadezinha com um castelo medieval incrível, do tipo que a gente constrói quando está na praia (mas o mais gostoso foi passear pela cidade e fazer pique-nique no parque). Paimpont, onde fizemos nosso passeio pela Brocéliande (embora minha expectativa fosse mais floresta, mas não existe opção de passeio por aqui sem carro). Josselin, outro castelo - e nesse pudemos entrar -, mas achei tudo menos interessante que em Vitré. Os meus investimentos em Asterix se pagaram em La Roche aux Fées, quando as crianças caminharam mais de 3km em cada sentido para chegar lá… Tudo salpicado por passeios aqui na cidade e muitos pique-niques. Pique-nique é fantástico, pois é barato, gostoso, saudável e divertido. Outro investimento que se pagou muito rapidamente: minha toalha de pique-nique da Decathlon por 9,90 euros… Hoje foi o primeiro diz de aula das crianças na escola nova. O diretor da antiga ligou para a diretora dessa e arranjou tudo. Enquanto antes tínhamos que andar 20 minutos de ônibus, agora andamos apenas 2 quarteirões à pé (o que nem daria para chegar até o ponto do ônibus, a três quarteirões). Anteontem teve uma festinha na casa dos meus anfitriões, pela primeira vez em semanas pude interagir com “gente grande”, inclusive com uma bailaria que já esteve no Brasil e se apresentou, adivinha onde? No Sesc Pompeia… Ha, mundo pequeno!!! E nesses dias tenho acompanhado de perto, grudada na tela no lap moribundo, as loucuras ai no Brasil. Olhando de longe dá um medo… Só o Haddah Tranquilão dá um sossego na minha timeline do FB. No mais, muita saudade de casa, do maridón, dos amigos, e de carne - não necessariamente nessa ordem. Mas é muito gostosa essa viagem em outro ritmo, que não é o de turismo, nem mesmo aquele que estamos acostumados a fazer que é mais de “viajante” do que de “turista”.